Mobilizações ocorrem desde a madrugada em empresas como Sonda, Prodam e Prodesp
A adesão dos trabalhadores de tecnologia da informação do estado de São Paulo interrompeu as atividades em grandes companhias do setor nesta sexta-feira. Há paralisações em empresas privadas como Totvs e Sonda e nas estatais Cobra Tecnologia, Prodam e Prodesp, responsáveis pelas áreas de tecnologia do Banco do Brasil, da Prefeitura de São Paulo e do governo estadual.
Desde a madrugada desta sexta-feira, os profissionais de TI também se concentram na portaria das companhias da área, ao lado de dirigentes do Sindpd. Há relatos de adesão em todo o estado. Os profissionais protestam contra os ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários.
No caso da Prodam, os trabalhadores também se manifestam contra a privatização da empresa, já que na última quarta-feira a Câmara Municipal de São Paulo aprovou uma emenda que prevê a extinção da companhia até 2018.
Desde as 6h da manhã, a diretoria do Sindpd está em frente à estatal com carro de som, falando aos trabalhadores também dos edifícios comerciais do entorno sobre as consequências das reformas em trâmite no Congresso, que prejudicam os trabalhadores. O ato bloqueou a avenida Francisco Matarazzo.
Para o presidente da CSB e do Sindpd, Antonio Neto, “a aprovação da reforma trabalhista representa para o País um ataque direto à Constituição. Na prática, os deputados decretaram o fim do 13º salário, das férias, licença-maternidade, fundo de garantia, entre outros benefícios já consolidados, ao permitir a criação de sistemas precários de contratação. Isso é um crime contra o País e o movimento sindical está dando a sua resposta, parando o Brasil”.
“A reforma trabalhista foi feita para prejudicar os trabalhadores, foi feita dentro dos gabinetes e não escutou os trabalhadores. Temos que mostrar nossa indignação também em relação à reforma previdenciária, que foi feita para beneficiar os bancos”, discursou o diretor do Sindpd, Edison Galli. “Os maiores devedores da Previdência Social são os grandes bancos, e o trabalhador vai pagar essa dívida. Hoje, temos que mostrar a nossa revolta e parar de trabalhar.”
“A manifestação é muito importante para que as pessoas tenham consciência de que estão tirando os direitos que as outras lideranças no passado conquistaram para a gente. Eu não posso só pensar em mim, tenho que pensar na minha filha, nos meus amigos, nos amigos da minha filha que não vão mais se aposentar. Então, é muito importante que as pessoas tenham consciência que não é só interesse dos sindicatos. É o interesse dos trabalhadores!”, diz o diretor, André Luiz Gonçalves de Araújo, que também é membro do CREP (conselho de representantes da Prodam).
Prodam
O vice-presidente do Sindpd João Antonio Nunes também participou do ato na Prodam. “Estamos aqui na defesa de nós todos, trabalhadores. Não vamos nos iludir, porque todos nós seremos atingidos”, alertou o vice-presidente. “A reforma da Previdência atinge ativos e inativos, servidores, toda a categoria de trabalhadores”.
Para o representante sindical, a adesão à greve sinaliza um Brasil que está demonstrando a indignação e a força do trabalhador, força que será mantida não apenas no dia 28 de abril e terá resultado futuramente, nas urnas. “Os deputados precisam saber que se aprovarem essa reforma da Previdência, nós vamos dar nossa resposta nas urnas. Se votar a favor, não volta. Nós vamos pressionar o Senado para que não votem pela reforma trabalhista”, afirmou João Antonio Nunes.
Apesar de ser um ato nacional voltado à valorização da mão-de-obra do brasileiro, muitas empresas estão ameaçando os trabalhadores de demissão, contra o reconhecimento do direito da greve. “Essas empresas não reconhecem aquelas que lhes dão lucro, não têm o mínimo respeito. É a força do capital pressionando o trabalho”.
Entre os trabalhadores que aderiram à greve está Naiara Marques, do Sintetel, que marcou presença junto ao Sindpd na porta da Prodam. “Eu acredito que a greve é legítima, é digna e tem que ser feita porque a reforma da Previdência acaba ferindo os trabalhadores em todo o Brasil e isso é muito grave”, disse.
A diretora Maria José Ferreira da Silva Nogueira, que é membro do Crep, também participou do ato na Prodam. Ela destacou a importância da paralisação. “O dia de hoje passa a ser um marco para nossa nação, sabemos que a movimentação, a conscientização, o envolvimento das pessoas em fazer acontecer e em estarem de acordo com o que vem acontecendo é de suma importância para a sociedade. É uma movimentação pacifica, consciente. E saber que não é só para nós que estamos no tempo de idade e sim para os que estão vindo e precisam ser beneficiados. Vamos aguardar os resultados. Estamos juntos, vamos à luta”.
Prodesp
De acordo com uma das diretoras do Sindpd que participaram da paralisação na Prodesp, Sandra Bueno, grande parte dos trabalhadores da empresa ficou em casa.
“Nós militamos na frente da empresa para conscientizar os trabalhadores. Fechamos a rua e aí os trabalhadores encostaram os carros e ficaram nos ouvindo falar sobre a reforma trabalhista e previdenciária e os riscos que eles correm dentre da Prodesp, que já tem PJ. Oficializando essa reforma, a Prodesp vai poder chamar cooperativas com serviços precários para o cidadão – porque a Prodesp presta serviço ao cidadão – e vai poder chamar PJs e consultores de serviços de empreitada, que é o tal do serviço intermitente”, explicou.
Em estimativa feita pela diretora, cerca de metade dos trabalhadores não compareceu à Prodesp. “Fomos ouvidos, mas talvez por conta da repressão que talvez uma empresa do Estado passe para os trabalhadores, os fazem recuar em um momento de movimento como esse”, disse.
Sonda IT
Na Sonda IT, uma das maiores companhias de tecnologia do País, trabalhadores de Barueri, Osasco e São Paulo, entre outras cidades, aderiram à paralisação. “Muitos trabalhadores atenderam ao chamado do sindicato e não compareceram à empresa”, relatou o diretor Paulo César de Almeida, que, desde às 6h está com outros representantes do Sindpd na porta da Sonda IT.
Interior e litoral
O diretor Oscar Nolf, da regional do Sindpd em São José dos Campos, relata que trabalhadores da Cobra Tecnologia estão parados. Na Tivit, poucos profissionais compareceram à empresa.
Em Sorocaba, houve passeata no centro da cidade com participação de dirigentes do Sindpd em um ato unificado com a presença de centrais sindicais, entidades representativas de outras categorias e movimentos sociais.
Na cidade de Jundiaí, com a presença de mais de 1.500 trabalhadores e dirigentes sindicais, o Sindpd participou ao lado de outras categorias como Seaac e movimentadores de mercadorias. De manhã, parte das estradas, fábricas e lojas do centro da cidade permaneceram fechadas contra as reformas trabalhistas.
Em São José do Rio Preto, com participação do diretor Luis Garcia, o Sindpd participou do ato que resultou no fechamento da BR 153. Uma passeata teve origem em frente à Câmara Municipal e percorreu ruas da cidade (cerca de mil pessoas participavam do ato por volta das 10h). O diretor Valcir Fernando da Silva discursou sobre um carro de som em defesa da classe trabalhadora – o ato reuniu outras categorias como metalúrgicos, professores, servidores dos Correios, comerciários, operários da construção civil, entre outros. De acordo com o diretor, cerca de 5 mil pessoas participaram das manifestações. O movimento continua no período da tarde, com atos em frente ao INSS.
Diversas centrais, sindicatos e associações de trabalhadores estiveram reunidos em frente ao Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto. Representando o Sindpd e a CSB, os diretores Walter Pereira Ponce, José Roberto de Souza e Carlos do Carmo Silva participaram da manifestação que reuniu milhares de trabalhadores. Ao longo da manhã, a passeata seguiu para o centro da cidade.
Na baixada santista, as mobilizações aconteceram na entrada de Santos e de São Vicente. Em conjunto com outras centrais, o diretor José Carlos dos Santos participou de uma manifestação que bloqueou, por algumas horas, a estrada que dá acesso à cidade. Outro protesto paralelo, acompanhado pelo diretor Jeronimo Correia Bitencourt, reuniu trabalhadores no centro da cidade e em frente à prefeitura.
Acompanhe no portal do Sindpd mais informações sobre a greve geral.