Federação Nacional dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação

Uber sofre multa bilionária na Holanda por transferir dados de motoristas para os EUA

Uber sofre multa bilionária na Holanda por transferir dados de motoristas para os EUA

Empresa repassou à sede informações de motoristas europeus como licenças de táxi, dados de localização, fotos, detalhes de pagamento e documentos de identidade

Uber sofre multa bilionária – Nesta segunda-feira (26), a Autoridade Holandesa de Proteção de Dados determinou uma multa de 290 milhões de euros (cerca de R$ 1,7 bilhão) para a Uber. O motivo foi que a empresa transferiu para a sua sede nos Estados Unidos dados de motoristas europeus sem proteção.

Essa transferência, segundo a agência reguladora, é uma “violação grave” do Regulamento Geral sobre Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia. O presidente da agência, Aleid Wolfsen, disse em um comunicado que considera a situação “muito grave” e afirmou que “A Uber não cumpriu os requisitos do GDPR para garantir o nível de proteção aos dados transferidos aos Estados Unidos.”

A Uber, que tem sua sede nos Estados Unidos, atua em cerca de 70 países das Américas, Europa (excluindo a Rússia), Oriente Médio, África e Ásia (com exceção da China e do Sudeste Asiático). A Autoridade Holandesa disse que a Uber repassou à sede informações de motoristas europeus como licenças de táxi, dados de localização, fotos, detalhes de pagamento, documentos de identidade e segundo a agência, “e, em alguns casos, até dados criminais e médicos”.

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Sem a utilização das ferramentas adequadas, as informações foram enviadas para a sede da empresa nos Estados Unidos. “A proteção de dados não foi suficiente”, criticou a agência reguladora. Através de seu porta-voz, a Uber classificou a decisão como “equivocada” e acrescentou que a empresa vai recorrer da multa aplicada.

Decisão histórica no Uruguai

No país sul-americano em junho deste ano, a Justiça Uruguaia fez a Uber reconhecer vínculos trabalhistas com um dos motoristas do aplicativo, que até o momento não tinha precedentes no país.

A decisão de primeira instância a favor do motorista demandante em março pelo Tribunal de Apelações do Trabalho ordenou que a empresa o registrasse como “trabalhador vinculado” no órgão uruguaio de previdência social, o BPS, decisão essa que foi divulgada em junho.

Na sentença, se condena a Uber a contratar seguro contra doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, também como regularizar a documentação trabalhista para a vinculação do motorista e também pagar as diferenças salariais que foram solicitadas.

O tribunal indica que, apesar de que seja uma empresa “que se apresente e se define como uma empresa de tecnologia que apenas presta um serviço que permite o uso de uma plataforma de informática chamada ‘driver app’, a realidade que decorre da forma como o contrato foi executado entre as partes revela que a atividade do aplicativo não se limitou a combinar oferta e demanda”.

Os magistrados dizem que “houve envolvimento na etapa de execução do serviço de transporte e predominou a interferência e participação preponderante da Uber na forma como o referido serviço foi prestado, tendo como ator o motorista vinculado a ela, uma engrenagem de sua organização com vista ao cumprimento do objetivo da empresa”.

Esse motorista trabalha na plataforma desde 2015. A criação da plataforma em 2010, defendeu a utilização do estatuto do trabalhador autônomo, porém as decisões judiciais de diversos países, obrigaram a empresa a conceder um estatuto de trabalhador assalariado para seus motoristas.

(Fonte: Opera Mundi/UOL)
(Foto: Reprodução)

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